[contact-form-7 404 "Não encontrado"]

Schedule a Visit

Nulla vehicula fermentum nulla, a lobortis nisl vestibulum vel. Phasellus eget velit at.

Call us:
1-800-123-4567

Send an email:
monica.wayne@example.com

4 anos atrás · · 0 comentários

Pensar na Morte Benefícios e Consequências

Pensar na Morte Pode Aliviar os Seus Medos e Torna-lo uma Pessoa Melhor

Este é um assunto polêmico e difícil de aceitar. Se você não gosta de assuntos polêmicos é melhor não ler esse artigo.

“A única coisa tão inevitável quanto a morte é a vida” – Charles Chaplin

Imagem mostrando o tempo passando para lembrar que devemos Pensar-na-morte

Pensar Na Morte – Poto by Aron Visuals on Unsplash

Os Estoicos

Zenão de Cítio viveu no século III antes de Cristo e foi o fundador da filosofia estoica. O estoicismo tem como máxima principal “viver com paz de espírito e que esta seja conquistada através de uma vida plena de virtudes, ou seja, viver de acordo com as leis da natureza”.

Claro que ele estava falando da natureza humana.

Porém, isso não significa abdicar de riquezas ou poder, apenas mostrar que podemos viver muito bem sem os dois. Mesmo quando os temos.

O objetivo dos estoicos sempre foi conseguir valorizar mais a vida natural e menos a dependência dos bens adquiridos tais como o poder e o dinheiro. Assim como não devemos considerar um fardo, nem a falta nem a abundância deles!

Isso é tão verdade na pregação dos estoicos, que um dos seus principais expoentes foi o homem mais poderoso do mundo na época – Marco Antonio – Imperador Romano. (Meditações de Marco Antonio) (1)

Outro grande expoente – Epíteto – foi escravo durante a primeira metade de sua vida, vindo a ser liberto pelo seu dono, após muitos anos de serviços prestados como escravo. (2)

Para termos uma ideia do desprendimento dos estoicos, quanto aos apegos da vida, Zenão de Citio, conseguiu escapar ileso do navio minutos antes que ele naufragasse. Mesmo assim, viu todos os seus bens perdidos, pois não conseguira retira-los do navio em tempo. Então, falou enquanto via o navio afundar.

– “Agora serei um filosofo sem bagagem, portanto, viajarei mais leve”.

Pensar na morte

Portanto, não basta estar apenas preparado para ela. Pensar na morte – como também aconselham os estoicos (3) – traz para a luz coisas que quase sempre nós nos recusamos a pensar. Muito disso, talvez seja por sermos levados por sentimentos enganosos como a esperança!

“Deixarás de temer, quando deixares de ter esperança” – Sêneca

A esperança é sempre esperar alguma coisa boa, algo de bom. Algumas vezes até fantasiosas e sem muitas possibilidades de vir a ser realidade, mesmo que remotamente.

Quando esperamos algo ruim, ou mesmo algo bom, mas sem a certeza que irá acontecer, não se chama esperança. Costumamos chamar de “ansiedade”

Portanto, pensar na morte pode ser um momento de realidade que, sem dúvida alguma, trará luz a fatos e situações que evitamos pensar e que nos levam a erros constantes, repetitivos e criadores de expectativas desnecessárias.

MEMENTO MORI – Lembre-se que você é mortal.

Pensamos de forma incorreta

Quando eu era criança, minha mãe achava que nós, os seus filhos, éramos criaturas diferenciadas!

Portanto, ela não deixava que nos misturássemos aos moleques da rua. Éramos três meninos e ela exigia que brincássemos apenas entre nós os três irmãos. Entretanto, ficávamos restritos aos ambientes internos da casa, quintal e jardim.

Existia um campo de futebol logo em frente a nossa casa, lembro-me que eu implorava para que ela me deixasse jogar bola com as outras crianças. Ela nunca permitiu! Então, eu olhava para ela com um profundo desejo de que ela morresse!

Entretanto, morrer de acordo com o meu desejo de criança, era um conjunto de fantasias que mais significava o desaparecimento dela! Além disso, eu acreditava que em seu lugar viria outra mãe e que essa seria perfeita, permissiva e sem os medos de que o mal me alcançaria se eu saísse de casa.

Assim, desde criança nos acostumamos a pensar na morte como algo distante, mágico. Talvez um castigo… Mas sempre diferente da realidade.

Até que um dia eu presenciei a morte de um dos irmãos do meu pai e vi o desespero nos olhos daquele núcleo familiar… Vi meu pai chorar pela primeira vez…

Então as coisas pioraram muito. Coloquei a morte como uma coisa só para os outros, uma coisa da qual a minha família e meus amigos estavam imunes! Assim, por muito tempo continuei pensando na morte como algo distante, quase impossível de acontecer comigo ou com os meus entes queridos.

Como devemos pensar na morte

A maneira irreal de como pensamos na morte, nunca passou perto do conselho dos estoicos – “Pense na morte, na sua e na dos seus entes queridos”. Ou seja, pensar de forma realística e com todas as suas implicações físicas, sociais, temporais e afetivas.

Mesmo assim, procuramos alternativa – Nietzsche, filósofo que viveu no século XIX – falava muito sobre um conceito que ele denominou de niilismo. Como grande exemplo desse conceito, temos a negação da vida como a temos aqui e agora, em troca de uma vida inteira após a morte!

Claro que é uma vida utópica! Sem remendos de qualidade… Tudo perfeito! Atemporal e sem contra indicações para os que acreditam.

Assim, como dizia meu avô: -“Quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é bobo ou não tem arte”, então, sob essa ótica, não podia ser diferente com esta vida utópica – ELA É ETERNA! – Por que deixar por menos? Tudo que precisa ser realmente bom tem que negar a finitude, ou melhor: a morte! Portanto, deve ser eterno.

Além disso, a vida eterna nos é colocada como feliz e cheia de todos aqueles sentimentos que nessa vida não controlamos e nem podemos escolher sentir – amor, prazer, abnegação, felicidade, alegrias constantes e aceitação plena. Uma vida surreal!

Portanto, vemos até hoje, pessoas abdicando de suas vidas em troca de uma vida eterna surreal que promete vida feliz para sempre!

As crenças atenuam os sofrimentos

Não que não devamos ter crenças. Cada individuo é livre para acreditar no que melhor lhe parecer e seguir suas crenças como achar que deve. Porém, não vale a pena abrir mão dessa vida – por enquanto, a única que temos – por outra vida, mesmo que a fé nos diga que ela será muito melhor…

“Todos querem ir para o céu. Mas ninguém quer morrer…”

A frase acima, mostra de forma clara, como somos movidos pelo medo e pala incerteza. Afinal, que importância pode ter essa vida cheia de altos e baixos, perto da glória de estar no paraíso eterno “onde não existe nem choro nem ranger de dentes”, como diz na bíblia.

Porém, a dúvida quanto à próxima vida é tão constante, que os novos evangélicos quase que abandonaram em suas pregações a renúncia desta vida pela vida eterna. Pelo contrário, eles trabalham o sucesso, o progresso e a aquisição de bens materiais nesta vida! Além disso, estão conseguindo muito sucesso com essa abordagem.

Assim, poucos falam de céu ou de inferno, dando mais ênfase no sucesso da vida atual que nos prazeres infindáveis da vida eterna.

Como dizia Martin Luther King Jr: – “Deus não patrocina fracasso”

Porém, é indubitável que as crenças e a fé ajudam e amenizam os sofrimentos.

Traz alívio para seus medos e ajuda encarar a realidade

A maioria das pessoas evita pensar de maneira desesperada que um dia, mesmo não sabendo como ou quando, irão morrer!

Quando comecei a pensar na morte, ou seja, quando venci o medo da finitude, passei a ter ideias que antes nem passavam pela minha cabeça. Exemplo:

Passei a ver a importância de organizar minhas pendências sem os medos que fazia com que eu as adiasse. Passei a ver as coisas sem importância como sem importância e as coisas importantes como importantes. Mas que todas elas passam pela nossa vida como únicas! Onde, talvez, a repetição delas aconteça de forma aleatória, sem interferência de nossa vontade ou escolha.

Então, livrei-me do medo e da vergonha de aproveitar as coisas boas, as pessoas boas, os momentos bons e as coisas agradáveis, sem temer o julgamento alheio.

Passei a ver pessoas como seres únicos e que para julga-las eu teria que ser todas elas. Com todas as suas convicções, certezas, incertezas e aprendizados. Porém, sem jamais julgar os seus sentimentos ou suas predileções. Muito menos os seus comportamentos, pois a maioria desses acontece de forma semiautomática e quase que involuntária.

Hoje consigo enxergar as nossas ações sempre sujeitas a avaliações… Subjetivas, objetivas ou precipitadas, sem o viés do medo de encara-las de frente. Apenas como uma coisa normal que deve ser encarada.

Apenas essas coisas já seriam o bastante, mas vieram muito mais aprendizados dos quais poderemos falar em outras ocasiões.

Pensar na morte dos entes queridos pode torna-lo uma pessoa melhor

Um dos maiores medos dos seres humanos é o medo da finitude. Por isso as pessoas evitam ao máximo pensar no fim das coisas ou na morte dos seus entes queridos.

Entretanto, quando olhamos para um de nossos entes queridos e pensamos que ele ou ela irá morrer e não sabemos quando, somos levados a compreendê-los muito melhor. Posso até elencar aqui algumas mudanças (para melhor), que adquiriremos apenas por pensar que um dia eles irão morrer:

  • Teremos mais tolerância com eles;
  • Aproveitaremos mais a companhia deles;
  • Iremos vê-los de forma mais empática;
  • Doaremos mais atenção a eles, enquanto estiverem conosco;
  • Seremos mais pacientes e “curtiremos” mais a presença deles;
  • Faremos de tudo para que quando se forem, as lembrança deles sejam as melhores e isentas de culpa.

Em outras palavras, você não consegue olhar para um dos seus entes queridos e dizer para ele algumas grosserias das quais iria se arrepender mais tarde, se pensar que ele pode morrer a qualquer momento e que você não teria mais a oportunidade de consertar seu erro ou, até mesmo, se o erro foi dele, você não conseguirá mostrar para ele que o perdoou quando ele não estiver mais aqui.

Um detalhe interessante

As pessoas mais velhas gostam de pensar que seus entes queridos mais jovens, como filhos netos e bisnetos, por serem jovens irão morrer depois deles.

Ledo engano! Todos estão sujeitos a morrerem a qualquer instante e por qualquer causa e não temos como prever isso.

Entretanto, a crença de que os mais velhos morrerão primeiro, faz com que esses possam chantagear os mais jovens aproveitando-se da sua condição de mais frágeis e dependentes.

Então, os jovens são submetidos às vontades deles, aos caprichos, desejos e até as chantagens emocionais que tornam os mais jovens reféns de suas vontades.

Assim, eles questionam seus jovens e agem como se a idade fosse sinônimo de sabedoria ou de autoridade. Além disso, exigem deles sacrifícios e obrigações que diminuem a qualidade de vida desses jovens.

Como dizia meu amigo Pedrão: – “As coisas vem de onde menos se espera!”.

 

Leia também:

O que podemos fazer antes do adeus final

Referências bibliográficas:

(1) – Meditações. (Século II D,C,). Marco Aurélio.

(2) Manual para a vida. (2013) Manual para a vida, e-Reader edition

(3) – Seibt, C. L. (2009) Sêneca e a finitude da vida- o que a finitude pode pensar sobre o viver. Integração, 15(59), 371-378,

Denival H Couto – Psicólogo e Terapeuta – Inscrito no Conselho Regional de Psicologia do Estado de São Paulo, sob o No. 06/17.798.

Tags: , , Categorias: Reflecções

Denival Couto

Denival Couto

Denival Couto; Psicólogo e Terapeuta, formado em 1980, iniciou sua atuação clínica em 1983. Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental, Processual e na abordagem Fenomenológica Existencial. Possui vários cursos de especialização e pós graduações, inclusive em Propaganda e Marketing.

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.