5 anos atrás · Denival Couto · 5 Comentários
COMO ESCOLHER UM PSICÓLOGO
A escolha certa do terapeuta pode garantir a eficácia do seu tratamento psicológico.
Os conselhos de como escolher um bom psicólogo
Como escolher um psicólogo ou um psiquiatra dentro das diversas abordagens psicológicas.
As tentativas de ensinar às pessoas como escolher um psicólogo ou um psiquiatra para tratamento psicológico, estão causando grande confusão e ajudando pouco.
Há alguns dias, li um artigo em uma revista de grande circulação, a qual tinha a pretensão de ensinar aos futuros pacientes de psicólogos, como escolher bem um profissional.
Nele diziam-se coisas das quais qualquer profissional da área clínica não pode concordar. Exemplo:
¨… É preciso escolher o profissional certo para suas necessidades ¨, ou
¨… Outra forma de acertar na escolha do profissional certo é pedir indicações para algum amigo ou parente ¨
¨… Devemos verificar se a abordagem psicológica do profissional é adequada para o seu caso clínico…¨
… E assim por diante! Claro que existiam vários outros conselhos inúteis. Entretanto, vamos analisar apenas estes.
Em primeiro lugar, seria bom escolher o profissional certo para cada caso. Porém, isso não é uma tarefa fácil. Portanto, os conselhos que haviam naquele artigo eram todos mais ou menos inúteis.
Um dos que descrevi acima é – … pedir indicações para algum amigo, ou parente.
Até seria um bom conselho, se as pessoas contassem umas para as outras se faz ou fez terapia. Talvez em dez, um ou dois o façam. Além disso, na maioria das vezes, as pessoas não gostam de amigos ou parentes frequentando o terapeuta deles.
Em segundo lugar, eles propõem a verificação pelo paciente se a abordagem psicológica que o profissional utiliza é adequada para seus problemas!
Sobre esse último conselho, falaremos no resto deste artigo.
Especializações Médicas
Na medicina tradicional, após a formação geral, os médicos partem para as especializações chamadas de – Residência Médica.
Isso é necessário e inquestionável. Afinal, cada órgão ou região do corpo humano tem suas particularidades, Portanto, só um especialista é capaz de entender as doenças específicas de cada um desses órgãos ou de cada região do corpo.
Assim sendo, podemos constatar as mais diversas especialidades da medicina, indo da oftalmologia que cuida dos olhos até outras áreas como medicina do trabalho com atividades menos médicas e mais burocráticas .
Porém, quando se trata de especializações voltadas ao tratamento dos sistemas nervoso central e periférico, temos apenas duas especializações – Neurologia e psiquiatria.
Especializações Psicológicas
Na psicologia também temos várias áreas de especialização. Hoje, podemos afirmar sem sombra de dúvidas – o número de especializações está aumentando.
Quando me formei em 1980, existiam apenas três especializações – Clínica, Educacional e Organizacional. Hoje, foram acrescentadas muitas outras: – Hospitalar, forense, neuropsicologia, social, entre outras.
Quanto as Abordagens Psicológicas
Entretanto, vamos falar da especialização clínica, nosso foco. Nessa especialização, o profissional psicólogo define uma ou duas abordagens clínicas psicológicas(*) para direcionar seu trabalho.
- Portanto, a abordagem psicológica define a maneira de atuar do terapeuta. Entretanto, isso não implica na efetividade delas no tratamento em qualquer distúrbio ou transtorno psicológico. Dois terapeutas utilizando a mesma abordagem, não obterão sempre resultados iguais. Assim, os resultados sempre estarão sujeitos a capacidade profissional de cada terapeuta.
- Não existe abordagem especializada no tratamento de um distúrbio ou transtorno específico. Embora os psiquiatras e alguns psicólogos, prefiram a Terapia Cognitiva Comportamental (TCC), para o tratamento de depressões e ansiedades, isso não elimina e nem invalida as demais abordagens. Também, a preferência de alguns por uma ou por outra abordagem, não torna as outras inferiores ou superiores a ela nos mesmos tratamentos.
- O diferencial relevante nas diversas abordagens é o tempo de tratamento, umas são mais rápidas e outras mais longas.
Finalizando, abordagens clínicas não são especializações em transtornos ou distúrbios psicológicos. São apenas formações profissionais direcionando e orientando o ¨modus operandi¨ do profissional especializado em Psicologia Clínica.
(*) Abordagen clínica: Conjunto de procedimentos, protocolos e ferramentas utilizadas para o tratamento psicológico na qual o profissional psicólogo clinico se especializa e utiliza para abordar e tratar as queixas trazidas pelos pacientes.
Obs. Como acontece na medicina, o profissional médico especializado em oncologia, tem diversas abordagens para tratar um câncer. Ele pode escolher, o tratamento cirúrgico, a quimioterapia, a radioterapia ou qualquer outro tratamento alternativo. São caminho diferentes para chegar ao mesmo lugar: a cura.
Comparação Pouco Válida
Portanto, não é nem um pouco válido dizer que uma abordagem clínica é melhor ou pior que a outra para qualquer tratamento psicológico.
Na verdade, os tratamentos feitos por uma ou outra abordagem, podem se diferenciar em duração e eficácia. Nunca na efetividade. Apenas haverá os mais longos, os mais curtos, os mais tortuosos e os mais suaves.
Qualquer transtorno psicológico pode ser tratado com o uso de qualquer abordagem clínica. O diferenciador dos resultados será a habilidade do profissional. Seja ele psicólogo clínico ou psiquiatra, mas com formação em psicoterapia e capacidade técnica.
Então, dizer – a abordagem clínica x é melhor que a y – não passa de desconhecimento de causa.
Discussão incômoda e sem nexo
Assim, poderíamos até discutir a efetividade de cada uma delas para cada transtorno ou distúrbio psicológico. Porém, sempre levando em conta o objetivo do tratamento.
Entretanto, não podemos esquecer que existem abordagens clínicas de curtíssima duração. Eficazes, porém, para tratamentos de dores específicas.
Assim, essas abordagens removem as crenças nucleares que originam os pensamentos automáticos que iniciam o ciclo comportamental indesejado. Porém, sempre tratarão uma queixa de cada vez.
Por isso, essas terapias são rápidas em duração e seus efeitos podem ser vistos em pouco tempo.
Exemplo de Como Acontece as Recaídas
Aproveitando uma piada circulando na internet. Fiz uma adaptação a qual ilustra bem o que estou falando.
A mulher chegou ao consultório do terapeuta e colocou o seu problema: – Doutor, todas as vezes que me deito sinto que tem um homem embaixo da minha cama – e continuou – Às vezes deito embaixo da cama e sinto que ele esta em cima da cama.
O terapeuta disse que precisava de alguns meses para diagnosticar e tratar esse distúrbio.
– Quanto tempo Doutor? – ela perguntou – E quanto custa sua consulta?
O terapeuta deu o preço por consulta e o tempo aproximado. Então, ela fez os cálculos e viu que gastaria três mil Reais no tratamento a cada três meses.
Disse que ia pensar e depois retornaria.
Uma semana depois, encontraram-se por acaso e o terapeuta perguntou:
– Então, como vai, melhorou?
Feliz a mulher explicou: – Doutor, seu tratamento ia ficar caro. O marceneiro resolveu meu problema por apenas cinquenta Reais!
– Como foi isso?! – Perguntou admirado o terapeuta.
-Simples! – respondeu – Ele serrou os pés da cama. – em seguida falou entusiasmada – Grande solução! Rápida e eficaz!…
Menos de dois meses depois, a mulher apareceu no consultório. O terapeuta admirado perguntou:
– Então. O que foi agora?
– O homem se mudou para cima, agora ele está no forro do meu quarto! – respondeu a mulher.
Efetividade Duvidosa
Assim, como podemos constatar, a solução foi rápida e eficaz. Mas não foi efetiva!
Análogo aos psicotrópicos, assim que o tratamento cessa, os sintomas podem voltar. Mesmo que em formatos diferentes. Afinal, as causas emocionais não foram tratadas.
Além disso, é preciso não esquecer que nós somos humanos. Seres em eterna formação e transformação. Portanto, o que seremos amanhã, dependerá do que as nossas experiências de hoje nos trouxe. Das frustrações, traumas e aprendizados de cada dia.
Assim, tudo isso confrontado e adicionado com o que somos hoje, nos modificará… Portanto, amanhã poderemos estar diferentes!
… E Então? Como escolher um psicólogo?
- Leia suas publicações, veja se as ideias dele ou dela estão de acordo com o que você procura.
- Veja seus vídeos se ele tiver.
- O Conselho Regional de Psicologia não aprova que se identifique os pacientes tratados pelo terapeuta. Portanto, não espere testemunhos ou depoimentos dos clientes.
- Na maioria das vezes, nas primeiras sessões de psicoterapia, você sente ou não afinidade com o terapeuta, sendo você mesmo o melhor juiz para saber se esse profissional é adequado ou não ao seu tratamento.
- Por último, veja o tempo de experiência que ele ou ela tem. Claro que isso por si só não é sinônimo de qualidade. Porém, serve como um indicador…
Leia também:
Abordagem fenomenológica existencial
Denival H Couto – Psicólogo e Terapeuta – Inscrito no Conselho Regional de Psicologia do estado de São Paulo, sob o número CRP-17.798. Há mais de 37 anos ajudando as pessoas a se livrarem de transtornos psicológicos e distorções cognitivas.
Atendimento em São Paulo nos seguintes locais: Paulista, Faria Lima, Santana e Tatuapé.
Tags: Abordagem clínica, abordagem psicológica, Especializações psicológicas, psicólogo, psicólogo clínico, Psicólogo ou psiquiatra, psicoterapia, Terapias auxiliares Categorias: Life tips
5 Comments